02 Dezembro 2014
É um beijo, um gesto sem precedentes aquele que na Catedral Ortodoxa de São Jorge al Fanar, em Istambul, mostrou ao mundo a profunda ligação que o nome dos apóstolos Pedro e André fazem entre a Igreja de Roma e a Igreja Ortodoxa de Constantinopla.
Ao encontrar o patriarca ecumênico Bartolomeu I, o Papa Francisco se dirigiu ao líder da igreja ortodoxa pedindo à ele uma bênção para si próprio e para a “Igreja de Roma”. Bartolomeu então se aproximou, beijou a testa do Pontífice e o abraçou em um gesto espontâneo e fraterno. E como irmãos na esperança o Papa e o Patriarca desejaram fazer orações na Catedral Ortodoxa para a vigília da esta litúrgica de Santo André.
A reportagem é de Stefania Falasca, publicada por Avvenire, 30-11-2014. A tradução é de Ivan Pedro Lazzarotto.
Bartolomeu fazendo suas orações, “aos santos Padres que cujos ensinamentos foi fundada a fé comum durante o primeiro milênio”, confiou a eles o encontro “porque são intercessores junto ao Senhor, de modo que – disse o sucessor do apóstolo André – podemos encontrar a plena comunhão entre as nossas Igrejas, fazendo assim Sua santa vontade, em tempos difíceis para a humanidade e o mundo”. O Papa expressou posteriormente toda a sua gratidão a Deus pela graça desse momento que anuncia um passo decisivo à frente do caminho para a reunificação. E o significativo é que esse passo profético que se inicia hoje em Istambul, na sede do Patriarcado ecumênico da Igreja do Oriente, inicie alguns dias após a celebração do quinquagésimo aniversário do Unitatis redintegratio, o decreto conciliar para a busca da unidade entre cristãos. Um documento fundamental com o qual se abriu nova estrada para o ecumenismo.
O metropolitano de Pérgamo, Ioannis Zizioulas, membro do Sínodo do Patriarcado ecumênico de Constantinopla, vice-presidente da Comissão teológica mista para o diálogo entre católicos e ortodoxos, comentando fervorosamente o encontro entre os “primus inter pares” da doutrina ortodoxa e o bispo de Roma, expressa confiança no que se desenvolverá futuramente. Zizioulas, considerado entre os maiores teólogos vivos ( a sua ‘eclesiologia eucarística’ é apreciada tanto pelo Papa Francisco como pelo Papa Emérito Bento XVI), afirma que o encontro que é realizado hoje “é uma porta aberta para o futuro”. “O abraço de 50 anos atrás entre Paulo VI e Atenagora, o primeiro encontro entre um Papa e um Patriarca ecumênico desde os tempos da divisão – afirma – acenderam a esperança de que logo se chegue à unidade entre católicos e ortodoxos. O momento histórico de hoje mostra claramente que não estamos parados e que o objetivo final da caminhada não é a simples colaboração entre as duas Igrejas, mas a reunificação em torno do mesmo cálice”. O metropolitano de Pérgamo explica também que a maneira correta de entender o espírito sinodal é esclarecida no próprio diálogo teológico entre a Igreja católica e a Igreja ortodoxa.
No documento de Ravenna (2007), Zizioulas cita “reconhecemos que o Primado é necessário e foi fundamentado na tradição canônica da Igreja devendo estar sempre contido e exercitado no contexto do espírito sinodal. Na Igreja existe sempre um Sínodo, e no Sínodo existe sempre um Protos, um primeiro ou primata. Tudo isso deriva da nossa fé na Santíssima Trindade. E a harmonia entre o Prímus e o Sínodo é um dom operado pelo Estpírito Santo. Essa é a nossa eclesiologia, desde o inicio”.
Em imensa sintonia com Bartolomeu, afirma também “que a Igreja existe para o mundo, não para ela mesma e têm sua luz a partir de Cristo, como a lua têm sua luz a partir do sol”. É evidente nessas palavras o senso eclesiástico comum que o une ao Papa Francisco. Na oração escutada ontem ao entardecer, Papa Francisco manifestou sua opinião pessoal e sua opinião como bispo de Roma, “a Igreja que preside na caridade”, deseja a comunhão com as Igrejas ortodoxas. Na fé comum, à luz do Evangelho e pela experiência vivida no primeiro milênio.
"Peço-lhe um favor. Abençõe a mim e a Igreja de Roma", pede Francisco a Bartolomeu.
Veja o vídeo: http://bit.ly/11FFlpM
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Pai, eu não te peço só por estes,
mas também por aqueles que vão acreditar em mim por causa da palavra deles,
para que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti.
E para que também eles estejam em nós,
a fim de que o mundo acredite que tu me enviaste.
Eu mesmo dei a eles a glória que tu me deste,
para que eles sejam um, como nós somos um.
Eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade,
e para que o mundo reconheça que tu me enviaste e que os amaste,
como amaste a mim.(Jo 18,20-23)
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Francisco e Bartolomeu juntos “como irmãos na esperança” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU